Entrevista ao site Religiões Afro Brasileiras e Politica

Oba Eni Oriate Luciano Veríssimo

 

Por Favor se apresente aos nossos leitores.

Olá a todos, primeiramente quero agradecer ao meu grande amigo Tatetu Oluandeji Nkosi que me convidou para dar essa entrevista. Eu sou o Oba Eni Oriate Luciano Veríssimo, tenho 31 anos, sou afilhado do Oluwo Siwaju Evandro Otura Aira  – Ilê Ifá Ni L’Orun em Pedra de Guaratiba\RJ, pelo qual tenho muito respeito e consideração. Graças a Orunmila hoje o meu tenho como principal objetivo é propagar Ifá Cubano em São Paulo. Ifá para mim é tudo e eu me dedico muito a cada dia que passa, a sabedoria de Ifá é uma riqueza muito grande e eu tenho orgulho disso e com essa mesma sabedoria de Ifá é que eu venho ajudando muitas pessoas e essas mesmas pessoas vem até mim para agradecer, isso é muito importante.

Diz Ifá: Nem só de Asé vive um homem, o conhecimento, a sabedoria, a humildade e a dedicação é muito importante para a sua sobrevivência. Tudo pode morrer, mas a sabedoria que é transmitida por Ifá nunca morre.

 

Já escutei seu programa na rádio, nos fale um pouco sobre essa experiência.

O Programa Culto aos Orixás na Radio Voz de Aruanda foi uma excelente oportunidade e me abriu muitas portas em todos os aspectos, de inicio foi muito conturbado até conquistar a confiança dos ouvintes, mas a cada programa que eu faço eu procuro mostrar a realidade e com isso venho conquistando os ouvintes a cada programa que eu faço.

 

Como se iniciou sua vida espiritual dentro do Candomblé e do culto de Ifá?

Eu venho de uma família de Tradição onde eu fui iniciado muito jovem no Candomblé por motivos de problemas de saúde pelo meu tio carnal Babalorisà Luiz Antonio D’Ogun, tomei meus 7 anos de obrigação com 21 anos de idade, hoje tenho 14 anos de obrigação e lutei muito para chegar aonde eu cheguei hoje.

No Culto de Ifá eu fui iniciado pelo Oluwo Siwaju Evandro Otura Aira como Awofakan (consagração do homem em Ifá), e fui consagrado pela determinação de Orunmila como Oba Eni Oriate Asé Baba Orisá Ni Ilê (O Rei das cabeças na esteira, do asé e pai dos Orishás da terra), o chamado Obatero ou como comumente se denomina ORIATE, o encarregado da interpretação do Oráculo do Dilogun e para fazer efetivo o seu trabalho, mediante uma clarividência genuína e asé de interpretação da palavra dos Orishás.

Para deixar bem claro nos explique, o que é Ifá?

O Culto de Ifá é oriundo das Tradições Africanas, ligado a Divindade Orunmila Ifá, com a escravidão muitos Babalawos (Sacerdotes de Ifá), foram para Cuba como escravos deixando a região onde se cultuava Orunmila totalmente devastada. Com essa ida deles para Cuba o Culto de Ifá ali se disseminou juntamente com o Culto aos Orishas, conhecido hoje como Santeria ou Lukumi em Cuba.

Ifá é o nome de uma Divindade muito importante conhecida como Orunmila e representa a sabedoria, conhecimento, é um sistema de adivinhação. O Culto de Ifá é muito mais do que uma Religião é uma Tradição que se mantem viva até os dias de hoje através dos Tratados de Ifá que é composto por 256 Odus de Ifá onde estão contidas histórias, patakins, ebós, obras, é a mais segura e completa forma de adivinhação existente e conhecida até os dias de hoje e através disso o consulente conhecera as origens e soluções dos seus problemas, fazendo assim que o consulente caminhe e prospere cada vez mais na sua vida.

 

O que faz uma pessoa se iniciar em Ifá?

Uma pessoa que se inicia em Ifá ela esta buscando crescimento espiritual e isso faz com que ela se conheça de verdade através do seu Odu e das orientações e conselhos de Orunmila. Cada pessoa tem uma necessidade e a iniciação em Ifá é muito importante. Todas as pessoas antes de se iniciarem no Culto aos Orishas deveriam se iniciar em Ifá

Qual a importancia da iniciação em Ifá?

O nosso Ori diante de Olofin escolheu seu próprio destino de vir a Terra e cumprir a sua missão, Orunmila estava presente e é o único que é testemunho da criação do mundo, é o único que detém o poder do presente, passado e futuro. A iniciação em Ifá é muito importante para todas as pessoas, somente através da Iniciação em Ifá (Mão de Orunmila), é que uma pessoa poderá conhecer seu Odu, ou seja, seu destino e conhecerá também seu verdadeiro Anjo de Guarda, isso fará com que a pessoa se conheça de verdade com as orientaçãoes de Orunmila para que possa viver bem e superar os obstáculos da vida. Somente Orunmila pode determinar o Odu e o verdadeiro Anjo de Guarda de uma pessoa.

 

Qual a cosmologia da criação Yorubana?

Na Cosmologia Yoruba temos uma Divindade muito importante que criou o Universo, conhecida como Olodumare, outras Divindades estiveram na criação do Universo também, Orunmila é o Testemunho da Criação e a partir disso se inicia o Universo.

No inicio não havia a luz, apenas a escuridão predominava e o Odu Baba Ejiogbe trouxe a luz a Terra, deu origem as águas, as palmeiras, representa os raios solares, o dia.

 

Qual a diferença dos ritos tradicionais e Yorubás?

Dentro da Tradição de Ifá Cubano não existe nenhuma diferença pelo motivo de estar tudo registrado em documentos, conhecidos como Tratados de Ifá, e isso se mantém até os dias de hoje fazendo com que o Ifá Cubano sobreviva e cresça cada vez mais. As outras Tradições estão se perdendo, ou seja, perdendo a sua raiz e Tradição com o passar do tempo pelo motivo de não seguirem um rito e não terem documentos necessários para isso e para que sobrevivam com o passar dos anos.

 

Qual a diferença entre Ifá Cubano e Ifá Nigeriano?

Esse texto abaixo escrito pelo meu padrinho Oluwo Siwaju Evandro Otura Aira mostra muito bem a diferença entre Tradição Cubana e a Tradição Nigeriana:

Tradição Cubana (Ifá-Osha) e a Tradição Africana

O texto a seguir, tem por objetivo esclarecer pontos fundamentais sobre a tradição, origem e desenvolvimento da religião, seu contexto histórico e atual, minimizando assim a falta de conhecimento e esclarecimento sobre a mesma, que assola a muitos, entre religiosos e leigos, o que permite assim, o uso disseminado e mal intencionado de alguns indivíduos que, de forma vil, afastam da verdade e do Sagrado inúmeras pessoas.

Devo ressaltar então, que nossa tradição está embasada por escrituras antigas, nas quais se justificam todas as cerimônias, rituais, que por sua vez, reciprocamente, justificam a autenticidade das mesmas. Infelizmente, alguns ditos “sacerdotes” se empenham em pôr em dúvida a veracidade das escrituras sagradas de ifá, sem se dar conta de que, nem mesmo eram nascidos quando as mesmas foram catalogadas e que já vinham sendo realizadas assim desde então.

Para o melhor entendimento, aconselha-se que se estudem a fundo a base histórica e literária da nossa religião, evitando assim, o desrespeito ao Sagrado, no que se refere a alguns indivíduos.

A chegada dos africanos a Cuba foi dramática, em barcos lotados de homens e mulheres, tratados de forma desumana, sob o punho da escravidão e da degradação humana. Tais negros, trazidos a ilha, digo não por coincidência, mas pela facilidade e melhor rota marítima que fazia Cuba com a Nigéria, dotados de sua religiosidade e cultura, foram levados ao mais baixo extrato social e considerados apenas mercadorias de trabalho.

Muitas etnias, costumes, culturas, tradições e expressões religiosas, se constituíram como forma de sobrevivência naquelas condições. Porém, muitos destes homens, e suas culturas espirituais, tratados desta forma sub-humana, eram portadores de uma poderosa cultura imaterial, e de valores intangíveis e inigualáveis armazenados em seus corações e mentes.

Este universo limitado em que se converteu Cuba permitiu que pouco a pouco surgisse uma estrutura nova e distinta, porém, conservando valores, modo de pensar e agir do homem e da mulher e de seus descendentes. Tais expressões africanas encontraram com outras vertentes já existentes na ilha, ou se incorporaram posteriormente. Assim se dá início a uma fecunda união na qual deram origem as religiões cubanas de origem africana. Dentre elas, a mais resplandecente, IFÁ-OSHA.

Como mostram os relatos, “NOSSA DESCENDENCIA ANCESTRAL, DESAPARECEU DAS TERRAS YORUBÁS”, pois todos foram tomados como escravos, e as outras tribos que, desfeitas e desestruturadas, ficaram então no poder, expandiram suas diretrizes religiosas, acabando por desaparecer completamente esta linhagem em terras yorubas. O que nos leva a conclusão que a tradição religiosa e verídica se manteve intacta na ilha de Cuba, e em nenhum outro lugar mais, sobre o alto preço de muitas vidas e sofrimentos de nossos queridos ancestrais.

Cito nomes como: Adechina, Adolfo Fresneda-Ogunda Tetura, Ño Carlos Ardevi-Ojuani Boka, Luguere, Barnabé Menocal, Ño José Aconcon-Oyekun meyi, Anai, Atanda, Francisco Carabá, Asedan e outros mais, todos de origem africana, dos quais muitos de seus descendentes, eternizaram e solidificaram IFÁ, para sempre. Tais como: Tatá Gaitan-Ogunda Fun, Bernardo Rojas, Cornélio Vidal, Asuncion Villalonda, Guillermo Castro, Bruno Peñalver, Miguel Febles, Atanacio Torres, Joaquim Salazar, Panchito Febles, Cundo Sevilla, Juan Antonio Ariosa, Tim, Pedro Ruiz, Juan Ângulo, El de Joseito Herrera, El Chino Ofarrill, Albelo, Diego Fontela, Elpídio Cárdenas, Adalberto Abreu, Ceba, chino Poey, Martinez, Cheché, Santa Cruz, Madrigal (ogbe di), Luciano Canto, Angel Padrón, Bruno Peñalver, Atanacio Torres, Andrés Bombalier, dentre muitos outros.

Até meados dos anos de 1960, tanto IFÁ quanto OSHA, eram vistos com reservas, não somente por não ser uma expressão católica, mas também por ser considerado um culto utilizado por negros, que não eram ilustres, nem tampouco alfabetizados em sua maioria. Porém, sim, tinham o conhecimento dos infinitos feitos, e conquistas que foram obtidos fazendo uso dos poderes secretos destes cultos. Na medida em que foi se estabelecendo o totalitarismo no país, o qual causou grande escassez, numa fase em que, existia dinheiro em abundancia e não havia o que comprar. Não se sabia e não havia em que gastar!

É quando então, começam a chegar a IFÁ e a OCHA, os brancos, pessoas letradas e ilustres, em grandes quantidades. Já por meados dos anos de 1970, este contingente de pessoas que chegaram a Osha e a Ifá, constitui a terceira geração de IFÁ-OSHA em Cuba. Desta fase podemos destacar alguns nomes como Ubaldo Porto, Félix Cancio, Ivo Morales Diaz, Mario Abreu Hernandez, Lázaro Hipólito, Alfonso Armenteros, Jorge Ramirez, Jose Ramón Ávila Otero, Pablo Roberto Lara, Benito Ochepaure, Buenaventura Paez, Luis Chala Izquierdo, Marqueti, Laureano Iwori otura. Alguns dos nomes citados se estabeleceram no exterior, formando assim descendências religiosas.

Tais descendências originaram ramas, como a de Elpídio Cárdenas- Otura Sá, afilhado de Arturo Peña-Otrupon Bara Ife. Sendo Elpídio Cárdenas padrinho de Amoro Bango, que por sua vez foi padrinho de Wilfredo Nelson-Erdibre, que é padrinho de José Roberto Brandão Teles-Ojuani Meyi, sendo o mesmo padrinho deste que vos escreve, Evandro L.C.-Otura Aira

Diante de tal evidencia histórica, relatando então, fatos relevantes ao conhecimento de todos sobre a tradição religiosa a qual fazemos parte, devo citar “outros”, não de origem tradicional de IFÁ cubano, mas sim estrangeiros (nigerianos), que tem atribuído de forma negativa, comparações a tradição cubana sem sequer nem conhecer dela o suficiente, ou não conhecer absolutamente nada de IFÁ.

Alguns desses personagens, fazendo longas análises em suas mentes curtas de intelecto, têm proposto a todo custo, reformar os fundamentos da tradição cubana, por entender, eles, que estamos incorretos. Animados talvez por um afã de suavizar a síndrome de pouca atenção, de que desde seu nascimento vêm sofrendo. Não tenho escutado da boca de nenhum “tradicionalista real nigeriano”, falar abertamente sobre este tema, a menos que façam por nossas costas, coisa que não duvido. Pois alguns destes faladores que não são nem daqui, nem de lá, estão repetindo o que eles dizem.

Notem que, os NIGERIANOS NÃO QUALIFICAM NINGUÉM como Babalawo! Seja quem seja que não tenha menos de 10 a 15 anos de preparação, aprendendo sobre a orientação de um mestre lá na Nigéria. Por que não dizem que esta metodologia lá é diferente? Por que não se ajustam a isto? Claro, não é conveniente, já que eles devem agir como babalawos hábeis e de conhecimentos, mas são incapazes de curar ou consertar a vida de alguém. Mas os por eles iniciados, não sabem o que fazer para poder começar a recuperar o dinheiro lá deixado. O que acabam necessitando, por conta da aventura turística que a muitos lhes há custado até a vida.

Estes “alunos do ocidente”, da tradição nigeriana, são consagrados em três dias, o suficiente para que, quando cheguem a nossas terras, comecem a falar do que na realidade desconhecem, como se fossem doutores do tema. São como crianças que vão ao zoológico e contam aos seus coleguinhas o que viram. Não sabem nem como se chama o animal, mas estiveram ali… Não conhecem uma erva, não conhecem uma reza, só falam por falar com a intenção de minimizar nossa vertente, com um só objetivo de levar mais pessoas para engordar seus bolsos, pois por religiosidade, e conhecimento, na realidade não o fazem. Até porque, suas intenções são visualmente lucrativas, e não de formar esse ou aquele em IFÁ,e mesmo que quisessem não teriam condições, seriam desmascarados diante de seus supostos discípulos, no momento em que tivessem que expor seus conhecimentos.

Também convoco os nossos irmãos de ifá, da tradição cubana, a não permitir que pessoas como estas continuem agindo impunemente, neste trabalho metódico anti-tradição cubana pois: “Tanto é culpado aquele que mata a vaca, quanto é o que segura a pata”. Neste mundo existem três tipos de pessoas: aqueles que fazem as coisas acontecerem; aqueles que vêem como as coisas acontecem e nada fazem; e aqueles que perguntam: como acontece? Analise e pergunte a si mesmo, qual desses é você? Lamentavelmente tenho notícias de alguns awos de nossa rama cubana aqui no Brasil, que ao invés de combater a epidemia de ignorância que nos assola, pelos ditos sacerdotes nigerianos, ainda se aliam aos mesmos. A esses irmãos, digo, envergonhadamente, que não honram o nome de Ifá. Por quê queridos irmãos, “obi kola”? Gan, em um plante? Dezesseis inkines no ikofá? Mesa cerimonial num plante?

Acredito eu, por falta de razão em suas personalidades! Não creio que seria por falta de conhecimento! Mas enfim, que Olofin ilumine seus Oris!

Creio que aqueles que atacam a nossa tradição, estão jogando por terra séculos de sacrifícios. E é uma falta de respeito desonrar nossos ancestrais que tiveram a glória de manter intacta nossa religião.

Aos mesmos ditos tradicionalistas, mando-lhes um recado. Em breve suas teses cairão,e se envergonharão diante de todos que enganaram. Como diz Ifá, quando a verdade chega, a mentira se envergonha e vai embora!

Às vezes lamento que o nível de conhecimento de alguns de nossos awos esteja tão limitado, ao ponto de permitir que indivíduos assim se estabeleçam em nosso contexto. Que pena sinto desses indivíduos que fazem análises comparativas da tradição cubana, com outras. Pois são os menos indicados para realizá-las, inclusive são os menos preparados!

Insisto neste termo: despreparados; são incapazes de rezar um odu. Peço aos queridos leitores que diante de um farsante, os pergunte, ao mesmo, se pelo menos sabem rezar dois odus, e constatarão o que digo!

Meus irmãos iniciados em Ifá por nossa tradição, peçam para que falem seus odus, que com certeza irão titubear, inventar poemas, recitar isto ou aquilo, e nos atacar, para desviar a atenção de sua ignorância . Porém falar Ifá, será algo impossível para eles.

Eu recomendaria a todos os personagens citados que, ao invés de estarem comparando uma tradição com outra, que se esforcem em ensinar aos seus discípulos a tradição que professam. Não creio que seja necessário para exaltar a mesma, que se critique a outra. Um homem para realçar sua honra, não precisa criticar ao outro, simplesmente precisa demonstrá-la. Quanto me pesa ter que, em minha dissertação ter que criticar o comportamento de todos estes “contistas” e “religiosos degenerados”, mas é necessário, pois ficar calado é admitir sua estupidez! E isto não está certo! Além do mais, eu provo com conhecimento o que expresso em meus escritos, diferente de muitos, que por sua parte, quando falem, também tem que fazê-lo!

Se desejarem fazer negócio, realçar o ego perdido na infância, tudo bem. Estão no seu direito, mas acredito que não há necessidade de desmoralizar a tradição onde muitos deles inclusive, foram iniciados. De verdade, isto é injusto! Quando devemos somar e não dividir em uma religião tão bonita como a nossa!

Agradeço a todos e alerto quanto a infinidade de loucuras infundadas, existentes em foruns e páginas mal feitas na internet, que conseguem unicamente confundir e desviar a mente carente de milhares de pessoas, tanto religiosos quanto curiosos, que buscam de alguma forma orientação. Aos meus irmãos, mesmo sendo criticado, porém jamais me abstendo da verdade, peço que observem que minhas humildes palavras um dia serão lembradas por todos aqueles que de alguma forma, difamam a religião e comprovarão assim sua força e veracidade.

Ashé! Iboru, Iboya, Ibosheshe!

Oluwo Siwajú Evandro Otura Airá – Ilê Ifá Ni L’Órun

 

Ifá veio para o Brasil junto com os primeiros escravizados?

Ifá foi trazido para o Brasil pelos nossos Ancestrais de Ifá, esse texto abaixo relata muito bem sobre tudo isso:

Adeshina Remigio Herrera (Obara Meji) Adeshina (Coroa de Fogo) é creditado como sendo um dos pais mais importantes fundadores do Ifá em Cuba. O Yorubano nascido em na Terra Yorubá na Nigéria, foi iniciado como um Babalawo lá; foi escravizado e levado para Cuba ainda jovem na década de 1830.
Adeshina também é conhecido por ter retornado ao país Yorubá, a terra de seu nascimento, a fim de tentar resgatar suas origens, entretanto só encontrou por lá uma grande devastação e nada de Ifá, somente o Islã mandava, como até hoje. Voltou novamente para Cuba a fim de propagar Ifá lá. Todas as Mojubas (orações e recitais de linhagem para honrar os antepassados) de Babalawós em Cuba falam o nome de Adeshina.

Miguel Febles nasceu em Havana no dia 28 de setembro de 1910. Foi feito em Shangó anos 9 anos de idade. Foi sua madrinha Odo Victoria Rosarena, Omo Obbata, sua segunda madrinha Ayai Timotea Albear, Omo Shangó. Fez Ifá aos 10 anos de idade. Seu padrinho de Ifá foi Bernabe Menocal, Baba Ejiogbe, Ifabi Mayesi Orunmilá. Seu Ojugbona foi Olugere Eulogio Rodriguez "Tata Gaitan", Ogunda Fun. Seus avós (Babanla) de Ifá foram Ifá Omi, Ogunda Teturá e Olugere, Oyekun Meyi, dois percursores de Ifá em Cuba. Estes últimos fizeram maravilhas dentro do âmbito religioso afro-cubano; não há dúvidas que tiveram muito mais conhecimentos que Miguel, além disso temos que incluir seu mestre e pai Ramon Febles Awo Ogbe Turá, afilhado de Ño Carlos Adebi Awo Iwory Boka, escravo que residiu em Havana até o princípio do séc. XX; conquistou sua liberdade em Ingenio Calimente de Matanzas, quando curou o seu amo enfermo e por isso também recebeu uma bolsa de ouro. Algo parecido fez Ifa Omi e também ganhou sua liberdade. Grandes percursores de Ifá que merecem ser lembrados. Iboru Iboya Ibosheshe

Eulogio Rodriguez Gaitán - Tata Gaitán - Ogunda Fun. Apariboyá: "A pessoa calva que ajuda a Ifá".
Diz-se que foi o primeiro Babalawo consagrado em Cuba. Afilhado famoso de Ño Remigio Herrera (Adeshina).
O primeiro Babalawo a consagrar Olokun de Ifá para outros babalawos nos 1900.
Legendário Babalawo, Tata Nkisi e membro da sociedade Abakuá.
Morreu em 1945 e provavelmente o primeiro que foi consagrado em Cuba.
Mas conhecido por ser o primeiro Babalawo que consagrou Olokun a outros Babalawos no início do Séc. XX.
Foi o único Babalawo que recebeu o título de Obá em Cuba.
Eulogio Rodríguez Gaitán fez Oshósi. Foi o último que dançou com as máscaras de Olokun as quais cuidava mantendo-as em seu Ilé.
Tata Gaitán, que foi primeiramente consagrado em Palo Monte, depois coroaram seu Orishá Alagbatori e depois de Osha ele fez Ifá. Depois disso foi conferido a ele "El Rango" de ASHEDA, e ele é o único que se considera essa distinção.
Seu Ojugbona de Ifá foi Lugery Oyekun Meyi e foi também o primeiro Awo a entregar Oduduwa e Olokun. Mas um grande ancestral que merece ser lembrado com muito respeito e admiração. Tata Gaitán Ibaen. Iboru Iboya Ibosheshe

Bernardo Rojas - Irete Untedi
Afilhado de Ño Remigio Herrera (Adeshina).
Considerado o que marcou a segunda geração de Babalawos feitos em Cuba.
Bernardo foi um exemplo como Remigio, respeitado, inteligente e religioso.
Bernardo cuidou de Adeshina até sua morte e junto com ele aprendeu tudo sobre Ifá.
De Bernardo Rojas surge a maior Rama de Babalawos de Cuba, ele foi quem mais consagrou afilhados e se dizia que era quem tinha mais capacidade.
Todas as demais Ramas que existiam naquela época, pediam auxílio a Bernardo na busca de seus conselhos e de sua orientação e se uniam a ele, menos a de Asunción Villalonga, que era distinta.
Em 9 de maio de 1959 falece. Mais um dos grandes percursores de Ifá.

Casimiro Elpídio Cárdenas, filho de Obbatalá é o primeiro Oluwo Otura Sá apareceu em terras cubanas. Viveu 90 anos e foi o Babalawó que mais consagrou Babalawós num total de 207. No início integrou a Comissão Organizadora da "Letra do Ano", mas depois veio a pertencer ao Conselho de Anciões da Sociedade Cultural Yorubá.
Casimiro Elpídio Cárdenas foi iniciado em 1953 no Odú Ifá Otura Sá, Rama OLUGUERE, Padrinho Arturo Peña. 
Rama de Elpídio Cárdenas Otura Sá: afilhado de Arturo Peña Otrupon Bara Ife, sendo Elpídio Cárdenas padrinho de Amoro Bango, que por sua vez foi padrinho de Wilfredo Nelson Erdibre, que é padrinho de José Roberto Brandão Teles Ojuani Meyi, sendo o mesmo padrinho de Oluwo Siwaju Evandro Otura Aira que por sua vez é padrinho deste humilde Awo Fakan Obá Eni Oriaté Miguel Casola Ogunda Tetura que vos escreve.
"Um homem moral seu espírito nunca morre..." Quem renega suas origens nega sua existência..."
"O reconhecimento e a gratidão aos antepassados, a quem lhes deram a vida, é fundamental para vossos ancestrais e Deus saibam que os homens reconhecem sua própria existência" IBORU IBOYA IBOSHESHE

Até os anos 60, tanto Ifá como Osha eram vistos com certas reticências, não somente por não ser expressão católica, mas também porque era considerada um culto empregado por negros que não eram ilustres nem letrados em sua maioria, mas se tinham conhecimento de infinitas conquistas que se obtinham fazendo uso dos poderes secretos desses cultos. Conforme foi se estabelecendo o totalitarismo no país que causara grandes escassezes, existia dinheiro em abundância e não havia o que comprar. Não se sabia em que gastar o dinheiro. Foi quando começaram a chegar em Ifá e Osha os brancos e gente letrada e ilustre em grandes quantidades já nos anos 70. Este contingente que chegou a Santeria e a Ifá, constituíram a terceira geração de Ifá-Osha em Cuba. Desta época, podemos destacar alguns como Ubaldo Porto, Félix Cancio, Ivo Morales Diaz, Mario Abreu Hernandez, Lázaro Hipólito Alfonso Armenteros, Jorge Ramirez, José Ramón Avila Otero, Pablo Roberto Lara, BENITO RODRÍGUEZ GONZÁLES (BENITO OSHEPAURE, Buenaventura Páez, Luis Chala Izquierdo, Marqueti, Laureano Iworitura, alguns dos nomes se estabeleceram no exterior estabelecendo descendências religiosas.

 

Os Itans, foram criados por quem?

Dentro da Tradição Ifá Cubano são conhecidos como Patakins e tudo isso foi vivenciado e registrado, hoje temos um documento muito importante que o Tratado de Ifá que contem todas as histórias dos 256 Odus Ifá. Tudo no Ifá Cubano é documentado e registrado.

No Brasil existem muitas nações e algumas delas são de cultura Yorubá, estes devem entender ou se iniciar em Ifá? Porque?

A iniciação em Ifá é importante para todas as pessoas, independente da Religião ou Tradição. Ifá é o principio e a base de tudo para nós seres humanos.

Quem pode se iniciar a Ifá? Homens, mulheres, rodantes, Ogans?

No Culto de Ifá não existe restrições e qualquer pessoa pode se iniciar em Ifá (Mão de Orunmila), é um Culto aonde a pessoa vai saber quem ela é de verdade através do seu Odu.

Quais os métodos de oráculo que iniciados em Ifá utilizam?

Na Tradição de Ifá Cubano o homem é iniciado como Awofakan e as mulheres como Ikofá (Apetebi), e Orunmila não permite que os iniciados como Awofakan (homens), Ikofá (mulheres), os mesmos serão consagrados e receberão os fundamentos, orientações e a partir dai irão saber qual o melhor caminho a percorrer através dos seu Odu e das orientações de Orunmila. Os únicos que tem autorização de manipular o Oráculo são os Oba Eni Oriate (Oráculo de Dilogun), e os Babalawos (Ikins e Opele).

 

No Candomblé existem hierarquia em seus cargos, como é essa representação em Ifá?

Dentro da Tradição Ifá Cubano:

Awofakan

Ikofá (Apetebis)

Oba Eni Oriate

Awo Ni Orunmila

 

No Brasil quem é o maior cargo de Ifá?

Hoje temos como referência e propagador de Ifá Tradição Cubana o meu padrinho Oluwo Siwaju Evandro Otura Aira.

 

Com o fim das matas, como as religiões afro Brasileiras podem manter sua tradição e seus fundamentos?

Cada Tradição tem seus fundamentos que não são revelados para que não criem intrigas e com certeza todas irão sobreviver.

Em 2012 fechamos o ano eleitoral com baixas e poucos eleitos, mas a bancada evangélica triplicou, como devemos cuidar deste fato a partir de 2013?

Devemos cada um cuidar da nossa Religião e da nossa Tradição sem se confrontar com as demais fazendo assim que sejamos unidos e fortes para lutarmos juntos.

 

Para encerrar deixe seu recado aos leitores.

Agradeço a todos os leitores, eu não estou aqui para criticar e nem para fazer intrigas, essa minha entrevista tem o intuito de mostrar as verdades e propagar sobre o Culto de Ifá Cubano no Brasil e em outros países juntamente com a minha Familia Ifá Ni L’Orun, temos a frente de tudo isso Oluwo Siwaju Evandro Otura Aira – Ilê Ifá Ni L’Orun em Pedra de Guaratiba\RJ, é um grande religioso e nos dá todo apoio necessário, hoje são mais de 600 pessoas iniciadas por ele. Isso prova mais uma vez que o Ifá Cubano cresce a cada dia que passa pelo principal motivo de ter documentos, fundamentos e seriedade.

Eu sou Propagador de Ifá Cubano em São Paulo e o meu objetivo é plantar essa raiz e tenho certeza que estou fazendo isso com muita seriedade para que que as pessoas conheçam e saibam a importância do Culto de Ifá em nossas vidas.

Diz Ifá: Existia um povo a qual Orunmila orientava mas esse povo não ouvia Orunmila, um dia a cidade viveu todas as pragas.

Ifá é sabedoria, conhecimento, verdade e propagação.

Iboru Iboya Ibosheshe.

Ashé.

 

Oba Eni Oriate Luciano Veríssimo Oyekun Pakioshe

 

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