Culto de Orun

 

Oro ou Órun: O Topo Supremo do Culto a Eggun

O juramento a Órun é algo muito sério e complexo. Não se trata apenas de um juramento, de um pacto para não se contar um determinado segredo e sim um vínculo muito profundo com os mortos (Egguns), nossos antepassados, desde milhares de anos atrás. Esse reencontro nos faz refletir que a vida não acaba após a morte e sim começa.

Diariamente não nos damos conta que daqui a pouco, em breve, estaremos mortos e nossos corpos em um cemitério qualquer. Com isso vivemos uma vida de ambição, inveja, rancores, mágoas, tentando tirar vantagem das pessoas, porém nada disso importa se logo morreremos e de nada disso adiantou. É bom deixar claro que aqui exponho o lado negativo dos sentimentos, pois os positivos já sabemos que vamos levar também conosco. Riquezas, dinheiro, poder, posses, isso ficará sobre a terra enquanto os sentimentos seguirão conosco para a outra vida.

Ao nos depararmos com a morte em um cemitério, observamos que há muita vida após túmulo e que nossa vida é cheia de sentimentos negativos que nos fazem perder tempo, tempo esse que é precioso, pois a vida é muito curta e devemos tirar dela o que de melhor ela tem, na verdade em tempo recorde, pois logo ela se acaba.

Somos frágeis, doentes, fracos, diante da morte. É preciso refletir o que isso significa para nós que acreditamos em vida após a morte e em reencarnação.

Ao recebermos e jurarmos Órun percebemos que esse Orishá é muito grandioso, justiceiro e poderoso, pois nos leva de volta a nossa origem, onde tudo começou, onde a Tradição veio viajando no tempo até os dias de hoje e mantida com muito sacrifício por nossos Ancestrais. Com Órun refletimos a importância de se propagar nossa religião, a importância de manter viva a nossa Tradição, trazida desde muito tempo até hoje por conta de nossos Ancestrais.

Órun nos remete ao passado, ao futuro e principalmente ao presente, pois é preciso e se faz necessário regaçar as mangas e lutar por nossa religião, combatendo preconceitos e misticismos que não existem em torno de nossos Ancestrais e Orishás, fazendo com que as pessoas conheçam quem somos, em que acreditamos e o porquê divulgamos nossos costumes.

Da morte se dá a vida, pois até mesmo a espiritualidade de nossos Orishás vem de Órun.  Antes do Orishá ser feito na cabeça de seus filhos, eles moravam em Órun e é lá que vamos buscá-lo para trazê-lo à vida, através da feitura. Toda a espiritualidade nasce de Órun.

O Culto a Órun se manteve vivo entre os Babalawos em Cuba, quem são os encarregados de jurar os homens que desejam possuir esse fundamento de Órun, aqueles que pretendem ser Oriates, deverão, segundo as verdadeiras Tradições, pertencerem ao Culto a Órun, o qual lhes permitirá a hora de dirigir um Ituto (cerimônia mortuária). Os jurados no fundamento de Órun se denominam Omo Órun. A Cerimônia se realiza com alguns Babalawos presentes e se faz um Itá. Por intermédio de Orunmilá se recebe um Odú que os caracteriza dentro da Sociedade de Órun.

O Culto aqui no Brasil foi perdido em seus fundamentos, o que não aconteceu em Cuba, e também o nosso Culto foi muito propagado por mulheres (as Mães de Santo) que são proibidas de exercer ou manipular as energias de Órun (seus fundamentos e Ibás).

Quem é mais forte Órun ou Babá Egungun?

É óbvio que é Órun, pois Babá Egungun é nada mais, nada menos que um Zelador de Santo (só um exemplo) que está sendo cultuado dentro do culto dos Léssi Eggun e Órun é o pai de todos os Egguns, é o capataz, Egungun é subordinado a Órun (deve obediência).

“Graças ao pacto selado entre Orunmilá e Órun, podemos hoje realizar esse Ritual e o Culto a esse grande Orishá não se perdeu...O culto a Órun (Óro Eggun – Ancestrais) sempre foi e sempre será o pilar da existência humana.”

 

Ashé.